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Por uma Revolução Cultural:
Manifesto ou Ação em Forma de Palavras
Nós somos contra toda hipócrita pretensão de “liberdade”, “objetividade” e “neutralidade” acima da luta de classes – um mito e um engano. A situação a que chegamos, com a ofensiva reacionária que acelera as condições de uma nova guerra mundial e do colapso ecológico, é simplesmente a continuação direta de um longo período preparatório em que aos oprimidos foi pedido que contivessem as suas reivindicações em nome de um mal menor, que seriam os Estados liberais capitalistas e sua pretensamente eterna “democracia”.
Destruídos nossos direitos econômicos e sociais, no altar da “globalização”, o alvo são agora os nossos direitos políticos. Palmas para os que venderam a ilusão de que seria possível humanizar o capitalismo! Seria talvez a hora de providenciarmos as roupas com que compareceremos ao seu enterro?
O século XXI tem sido marcado pelo avanço do terrorismo de Estado, pela crise hegemônica do imperialismo norte-americano, pelo vendaval de rebeliões nos países oprimidos. Precisamos de palavras que sejam capazes de expressar este mundo em acelerada transição, como as letras pichadas em sangue no fundo de uma cela sombria ou o urro de um animal encurralado ou o suor de um prisioneiro que foge pelo subsolo. Precisamos de ações que tornem a vida outra vez realidade.
Os fascistas têm travado – e vencido – a sua guerra cultural. Façamos guerra à guerra deles! Por cultura, entenda-se: a recusa consciente à submissão, a subversão da ordem natural das coisas. O campo de batalha, no limite, uma vez que somente a sociedade humana conhece a história e os exércitos.
É claro que a hecatombe e o desencanto são passageiros, mas durarão enquanto duvidarmos da sua transitoriedade. Indivíduos se suicidam, não povos inteiros. No limiar de se tornar irremissível o estado das coisas, se dissiparão todas as ilusões a seu respeito. Das mutilações, e dos horrores, das guerras imperialistas do século passado, nasceram revoluções, como também nasceram as libertações do genocídio colonial. Mais ou menos incompletas, teremos o privilégio, e o dever, de continuá-las da onde se detiveram. A besta assassina do imperialismo torna-se mais violenta pois agoniza; sentimo-nos desamparados porque só nos resta o futuro, uma vez que já não há mais nada a ser defendido neste presente. O projeto daquela realiza-se e ela sucumbe – não é este o resumo da apregoada nova ordem mundial, da qual mais ninguém se lembra? Quanto a nós, bem, olhemos para Gaza: seus escombros falam da impossibilidade da nossa derrota irreversível.
É certo que não cabe aqui nenhum dogmatismo, nenhuma ilusão, nenhuma mística. Nenhum livro revolucionário previa um intervalo de meio século entre uma revolução e outra. Mas quem procura profecias que recorra a astrólogos, não a livros. As experiências das revoluções passadas, destacadamente a soviética e a chinesa, são como tiros de advertência para as gerações posteriores. Servem como orientação e sentido, mas não para a conquista de novas posições. Estas, só se obtém pelo esforço e risco próprios no terreno mesmo. Quando esta noite de cinquenta anos, a partir da restauração revisionista-capitalista na China em 1976, será interrompida? Quando irromperem de novo os batalhões dos operários e camponeses vitoriosos. Um acontecimento histórico só pode ser superado por outro acontecimento histórico, não pelas ideias de que um novo acontecimento se aproxima. A nem todas as gerações é dada a fortuna da vitória, mas todas têm a obrigação de levar adiante tanto quanto possível a possibilidade de que ela se produza, porque bastará uma para que o mundo inteiro estremeça.
Lênin anônimo no exílio, Mao esculpindo a nova China nas cavernas: olhem se não domaram o impossível. Acendamos nossas fogueiras, alguém se encarregará de fazê-las torrente. Nada fazer, apenas safar-se ou pretender safar-se quando tudo ao redor afunda, eis a medida do inaceitável. Quem vai ainda mais longe, a ponto de cooperar e justificar a moderna escravidão (semi)assalariada, torna-se um alvo legítimo.
Lutamos sem garantias pessoais ou de curto prazo, e nisso vai o maior desprendimento, demonstração de fibra militante genuína.
Para construir a rede de revolucionários, necessária para esmagar o imperialismo e o fascismo; para o choque político cotidiano ou para a união das forças combativas, é que precisamos de uma imprensa. Para mobilizar e cativar, não para explorar ou entorpecer. A imprensa é artéria da organização política; a verdade, não importa quão dura ela seja, é a base da imprensa.
A revista Revolução Cultural pertence aos operários, camponeses e intelectuais, à massa favelada, aos amantes da liberdade, aos inimigos do obscurantismo. Rechaçamos a via parlamentar, repelente indispensável das ilusões reformistas e do arrivismo. Somos pela polarização de classes sociais: de um lado, a minoria de parasitas; doutro, os milhões que trabalham. Essa, a única discriminação tolerável; necessária, mais que isso. Seremos tribuna e trincheira, armada crítica. Denunciaremos o racismo, o militarismo, o fascismo, superlativos inseparáveis da ordem capitalista moribunda. Da opressão pelo saco de dinheiro é que se ligam e se perpetuam todas as outras; prolongam-se no espírito atormentado as privações materiais.
Contaremos dos viventes, mais que da vida, menos do estado que da essência das coisas. Parciais, não esconderemos jamais o nosso lado, ainda que seja para apontar a necessidade implacável de autocrítica. Pertencemos aos povos que combatem nos quatro cantos do mundo, nossa natureza é sermos Palestina. Somos o suficiente para começar, e nos provoquem à vontade, que queremos briga. Seja!
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Esse esforço prático e de comunicação só será viável com a contribuição de tantos quantos se identifiquem com o nosso propósito revolucionário, anti-imperialista e anti-fascista. Precisamos de muitas mãos dispostas a escrever, de muitas bocas dispostas a falar, de muitos braços dispostos a segurar a bandeira da luta, rompendo a lógica de conformismo e desesperança. Mais do que uma Revista, Revolução Cultural se propõe a ser uma corrente de pensamento – por corrente, entenda-se, a contribuição coletiva de pessoas para um fim determinado – que impulsione lutas concretas. Para realizar este objetivo, estamos abertos a novas ideias e expressões: somos marxistas ortodoxos. Esforço coletivo, se alimenta com todos os tipos de contribuições, desde a produção de artigos, o registro dos fatos da vida, a sustentação material. Precisamos de algum dinheiro para derrubar o capital, e mais vale a modesta contribuição regular do que a gorda contribuição esporádica, embora esta também seja muito bem vinda. Não temos ligação com nenhum partido político nem com qualquer estrutura burocrática, e 100% do nosso trabalho é colaborativo e voluntário. Entre, as portas estão abertas, do lado de dentro só não é permitido ficar de braços cruzados.
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