Após assassinatos, torcida chilena usa paus e pedras para impedir jogo
- Felipe Dutra
- 12 de abr.
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Antes da bola rolar para o jogo entre o time brasileiro Fortaleza e o chileno Colo-Colo, no estádio deste último, dois jovens (um de 13 e outro de 18 anos), que buscavam assistir ao jogo, foram brutalmente assassinados pela polícia local. Dirigindo uma viatura, ela os atropelou até esmagá-los contra grades.
Revoltados com a polícia e com a midiática e riquíssima Conmebol*, que decidiu seguir com o jogo como se nada de importante tivesse acontecido, torcedores atiraram objetos no campo, quebraram um vidro e ocuparam o gramado forçando o cancelamento da partida. Usaram de todos os meios para chamar atenção ao fato.
De nenhum modo, mesmo que esses jovens não tivessem ingresso (e nem era este o caso, como afirmou a irmã de um deles), a privação material, sobretudo em um contexto de crescente alta no preço dos ingressos, não pode ser motivo para cobrar a vida de uma pessoa.
A rede de torcidas La Voz del Sur, em conjunto e apoio à organizada do time chileno Garra Blanca, lembrou que
Nos últimos 15 anos, cinco torcedores perderam a vida como vítimas de canhões de água ou canhões de gás lacrimogêneo
Um conjunto de torcidas criou ainda o lema “2 vidas valem mais do que 3 pontos”, amplamente divulgado desde então.
Fato escondido a todo custo, e não mero problema genérico de “violência no futebol”, o que está posto no centro é a violência daquele Estado contra as festas populares, questão que não se resolveu, mas, ao contrário, só se intensificou depois da “Nova Constituinte” de 2019.
Recentemente, torcidas organizadas de diversos times argentinos se somaram aos protestos contra cortes nas aposentadorias e a repressão policial. Repressão essa que tais grupos conhecem muito bem pela intensa e histórica criminalização aos que se unem para celebrar partidas de futebol - que aparecem muitas vezes como possibilidade de respiro aos torcedores trabalhadores em meio ao seu cotidiano brutal de exploração.

A atitude corajosa dos torcedores chilenos, bem como das ‘barra bravas’, estão, afinal, recheadas de razão. Defendamo-las!
*Entidade que gerencia as competições de futebol na América do Sul