RJ: Prefeitura ameaça com despejo Instituto Pretos Novos
- Redação
- há 4 dias
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Atualizado: há 3 dias

Após pressão da Prefeitura do Rio de Janeiro, a justiça decidiu pela penhora do imóvel onde atualmente funciona o centro histórico e cultural Instituto Pretos Novos (IPN), por conta do não pagamento do IPTU referente ao ano de 2020 (pior ano da pandemia). O IPN se localiza no Cais do Valongo, sítio arqueológico que fica na região conhecida como ‘’Pequena África’’, por conter diversos vestígios históricos da época onde milhares de escravizados chegavam diariamente ao Brasil e eram vendidos como meras mercadorias naquele mesmo local.
O que é o Instituto Pretos Novos?
O IPN foi criado em 2005 com a tentativa de impulsionar a pesquisa e preservar a memória da luta e vida do povo preto escravizado tanto no Rio de Janeiro, quanto no Brasil como todo. O prédio do século XVIII, sede do Instituto, quando foi recuperado pelos atuais donos possuía em seu subsolo enterradas diversas cerâmicas e objetos que eram usados para manter os escravizados presos, além de muitos restos de corpos humanos, o que mais tarde ajudaria historiadores a reconhecer que naquele local funcionava um ‘’cemitério’’ improvisado de escravizados. Estima-se que entre 20 a 30 mil pessoas devam ter sido enterradas em valas comuns naquele local. Com o avanço das pesquisas e projetos sociais do IPN, já há algum tempo entrou no roteiro cultural do centro da cidade e vinha promovendo outros projetos culturais, que vinham sendo boicotados pela prefeitura. O IPN vem sofrendo com diversos ataques já há alguns anos. Em 2024 a prefeitura tentou impedir o instituto de promover aulas presenciais no espaço, alegando uma falta de alvará.
Quem ganha com o despejo?
A tentativa de despejo é mais um movimento de intimidação da prefeitura, que possui interesses claros de apagar o debate sobre a escravidão no meio do centro economico da cidade e também na própria região, que vem passando por ‘’modernizações’’. Existe sobre toda aquela região portuária do Rio, forte interesse pela especulação imobiliária, da qual o prefeito Eduardo Paes é fiel apoiador. Diversas remoções foram realizadas para a implementação do ‘’brinquedo de gringo’’, como ficou conhecido o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), além de diversas outras obras como o Terminal Gentileza e o futuro estádio do Flamengo (que teve muito apoio da prefeitura) revelam o interesse do poder público e da especulação imobiliária em valorizar a região. Nem que para isso, tenha que se apagar a memória de luta do povo preto e silenciar a luta contra o racismo, o que convenhamos, é especialidade dos calhordas engravatados e dos demagogos politiqueiros.
